MARINA TZVIETÁIEVA
Não roubarás minha cor
Vermelha, de rio que estua.
Sou recusa: és caçador.
Persegues: eu sou a fuga.
Não dou minha alma cativa!
Colhido em pleno disparo,
Curva o pescoço o cavalo
Árabe -
E abre a veia da vida.
1924
Abro as veias: irreprimível,
Irrecuperável, a vida vaza.
Ponham embaixo vasos e vasilhas!
Todas as vasilhas serão rasas,
Parcos os vasos.
Pelas bordas - à margem -
Para os veios negros da terra vazia,
Nutriz da vida, irrecuperável,
Irreprimível, vaza a poesia.
1934
VLADIMIR MAIAKÓVSKI
Algo em Ptersburgo
As calhas colhem lágrimas do teto,
no braço do rio riscam um grafito;
nos lábios bambos do céu inquieto
cravaram-se mamilos de granito.
O céu - agora calmo - ficou claro:
lá, onde prateia o prato do mar, o
úmido condutor, a passo lento, leva
o camelo de duas corcovas do rio Neva.
1913
VIELIMIR KHLÉBNIKOV
Uma vez mais, uma vez mais
Sou para você
Uma estrela.
Ai do marujo que tomar
O ângulo errado de marear
Por uma estrela:
Ele se despedaçará nas rochas,
Nos bancos sob o mar.
Ai de você, por tomar
O ângulo errado de amar
Comigo: você
Vai se despedaçãr nas rochas
E as rochas hão de rir
Por fim
Como você riu
De mim.
1919-1921
(Traduções de Haroldo de Campos - In Poesia Russa Moderna, Ed. Brasiliense, 1985)
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