domingo, 13 de dezembro de 2009

Manuel Bandeira





PENSÃO FAMILIAR


Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.
E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.


Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurant-Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
— É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.



Manuel Bandeira, in Estrela da Vida Inteira.

sábado, 28 de novembro de 2009

O exotisno da Natureza

Não parece um quadro surreal?






Esta árvore é de Socotra, no Yemen, "um pequeno arquipélogo formado por quatro ilhas no Oceano Índico, em frente à costa do Chifre da África, a 250 km ao Leste do Cabo Guardafui e a uns 350 km ao Sudeste da costa do Iémen.O grande isolamento geológico do arquipélago, juntamente com o intenso calor e a falta de água, tem dado origem a uma interessante flora endêmica que é muito vulnerável a mudanças."

Leia mais e veja as outras árvores exóticas de Socotra:http://aidobonsai.wordpress.com/tag/arvores-exoticas/

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

TEMPO


(Salvador Dali - A Persistência da Memória)


Por que será que todo ano acontece isso comigo? Eu vou vivendo normal, sem muita preocupação com o passar dos meses, mas um belo dia dou de cara com as lojas já vendendo enfeites pro Natal e levo um susto.
Mas isso tudo é tão relativo, o tempo afinal é uma invenção dos homens... ou da morte, como diz meu querido Quintana:

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Van Gogh e Mario Quintana



A Vinha Encarnada
Vincent van Gogh



INSCRIÇÃO PARA UMA LAREIRA

A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas.
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!

Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida...


OS POEMAS

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...



Mario Quintana, in Nariz de Vidro.



domingo, 23 de agosto de 2009

Nova Friburgo





Minhas flores

Só para esquentar o cinza do céu, umas fotos de flores.
Que frio que faz nesta serra!




sexta-feira, 22 de maio de 2009

Playing For Change II

Este também é lindo: "Don't Worry"



quinta-feira, 21 de maio de 2009

Song Around the World "Stand By Me"

Este vídeo é lindo, vi agora há pouco e fiquei maravilhada. Ele faz parte de um projeto, o Playing For Change, que é um movimento para conectar o planeta via música. Diversos artistas de rua gravaram takes mundo afora de algumas canções. O slogan é "A paz através da música."

o site da campanha: www.playingforchange.com





sexta-feira, 15 de maio de 2009

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Para refrescar a cabeça...


Deve ter mais de um ano que eu não pegava nas minhas lãs. Por falta de tempo e, principalmente, por causa da minha alergia. Ainda bem que a homeopatia está diminuindo bastante meus sintomas. Então, eu tomei coragem e fui pegar meus pobres fios que estavam guardados e esquecidos numa caixa. Antes de usar, coloquei os novelos de lã no frezer. O povo da casa achou que eu estava mais biruta do que sou, mas li em algum lugar que isso mata os ácaros. Ainda bem que ninguém achou que era sorvete...
Pra recomeçar nada como um cachecol, melhor ainda dois, um no tear de pregos e outro num ponto bem fácil de tricô.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Azul da cor do mar

Faz tempo que eu queria colocar vídeos no blog, só que sou meio analfabeta nessas coisas. Agora que já sei como se faz (tão fácil!), vou inaugurar com chave de ouro: Taryn Szpilman cantando Azul da Cor do Mar, na homenagem a Tim Maia, do "Som Brasil".
Além dessa música, ela cantou também Cristina e These are the songs. Também no you tube.
Simplesmente maravilhosa essa artista. À altura do homenageado!



domingo, 15 de março de 2009

Pablo Neruda - Memorial de Isla Negra



AQUI ESTOU


Limpo é o dia lavado pela areia

branca, e gelada no mar roda a espuma,

e nesta desmedida solidão

sustenta-me a luz do meu livre-arbítrio.


Mas este mundo não é o que eu quero.




SOLILÓQUIO NAS ONDAS


Sim, mas aqui estou sozinho.

Levanta-se

uma onda

que disse o seu nome, não compreendo,

murmura, arrasta o peso

de espuma e movimento

e se retira. A quem

perguntarei o que me disse?

A quem entre as ondas

poderei nomear?

E espero.


Próxima, de novo, está a claridade,

levantou-se na espuma

o doce número

e não soube nomeá-lo.

Assim caiu o sussurro:

deslizou-se para a boca da areia:

o tempo que destruiu todos os lábios

com a paciência

da sombra e com

o beijo alaranjado

do verão.

Fiquei sozinho

sem poder acudir ao que este mundo,

sem dúvida, me oferecia,

ouvindo

como se debulhava esta riqueza,

as misteriosas uvas

de sal, e dum amor desconhecido

e ficava no dia degradado

só um rumor

cada vez mais distante

até que tudo o que eu poderia ser

converteu-se em silêncio.




ARTE MAGNÉTICA


De tanto amar e andar saem os meus livros,

e se eles não têm beijos ou regiões

e se não têm um homem de mãos plenas,

e se não têm mulher em cada gota,

fome, desejo, cólera, caminhos,

não servem para escudo nem pra sino:

estão sem olhos e não poderão abri-los,

terão a boca morta do preceito.


Amei as genitais enramadas e entre

o sangue e o amor escavei os meus versos,

em terra dura estabeleci a rosa

entre o fogo e o sereno disputada.


Por isso pude caminhar cantando.



Neruda, Pablo. Memorial de Isla Negra; tradução, notas e apresentação de José EduardoDegrazia. Porto Alegre: L&PM, 2007.



sábado, 14 de março de 2009

O GATO



Uma camuflagem quase perfeita: Pretinho tentando se esconder na grama preta.

Merece até poema do Quintana.


O GATO


O gato chega à porta do quarto onde escrevo.
Entrepara...hesita...avança...
Fita-me.
Fitamo-nos.
Olhos nos olhos...
Quase com terror!
Como duas criaturas incomunicáveis e solitárias
Que fossem feitas cada uma por um Deus diferente.

Mario Quintana



quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Que soninho!



Este é o Lourinho, num momento de extrema preguiça, parece até que está ensaiando para cantar ópera pelos telhados...

domingo, 18 de janeiro de 2009

Jovens, bonitos e talentosos




Madre é uma banda nova, com influências do Rock dos anos 60/70 e também de blues. Belas melodias e letras em português, bem originais. Estão no Myspace, vale a pena ouvir:

http://www.myspace.com/bandamadre