quarta-feira, 14 de maio de 2008

O Mario Quintana dos livros.

Falando em Mario Quintana dos livros parece que há dois Marios. É quase isso. Explico: é que na internet acontece uma coisa muito estranha, são textos que circulam em blogs, sites, emails, e vão adquirindo formas diferentes e até autores diferentes.
Assim, um poema escrito pelo Zé da Esquina pode virar um poema de Fernando Pessoa, um texto da Marta Medeiros vira um poema de Mario Quintana, um post engraçado vira uma crônica de Verissimo. E por aí vai.
Quintana é um dos campeões das trocas. Você já viu publicado, ou recebeu por email, por exemplo, um texto chamado A Idade de Ser Feliz? NÃO, não é do Mario Quintana.
No orkut tem uma comunidade dedicada a isso: "Afinal, quem é o autor?" e tem uns blogs que também falam sobre isso, pretendo colocar uma lista.
Por enquanto, para quem gosta do poeta gaúcho, recomendo o "site do centenário de mario quintana": http://www.estado.rs.gov.br/marioquintana/


POEMA OLHANDO UM MURO

Do
escuro do meu quarto
- imóvel como um felino, espio
a lagarixa imóvel sobre o muro: mal sabe ela
da sua graça ornamental, daquele
verde
intenso
na lividez mortal
da pedra... ah, nem sei eu também o que procuro, há tanto...
nesta minha eterna espreita!
Pertenço acaso à odiada raça dos mutantes?
Ou
sou, talvez
- em meio às espantosas aparências de algum mundo estranho -
um espião que houvesse esquecido o seu código, a sua sigla, tudo...
- menos
a gravidade da sua missão!

(Mario Quintana - Apontamentos de História Sobrenatural Poesias, Circulo do Livro, 1976)

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