Passagem para Pasárgada
Quem nunca quis uma passagem pra Pasárgada? "...Vou-me embora pra Pasárgada/ Vou-me embora pra Pasárgada/ Aqui eu não sou feliz/ Lá a existência é uma aventura... ... Vou-me embora pra Pasárgada/ Em Pasárgada tem tudo/ É outra civilização" (Manuel Bandeira)
sábado, 20 de novembro de 2010
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Depois de tanto tempo sem postar.... voltando com Neruda.
Talvez tenhamos tempo
Talvez ainda tenhamos tempo
para ser e para ser justos.
De uma maneira transitória
ontem a verdade morreu
e embora o saiba todo mundo
o mundo todo dissimula:
nenhum de nós lhe mandou flores:
já morreu e não chora ninguém.
Talvez entre o olvido e o apuro
pouco antes de ser enterrada
teremos a oportunidade
de nossa morte e nossa vida
para sair por rua e mais rua,
de mar em mar, de porto em porto,
de cordilheira em cordilheira,
e sobretudo, de homem em homem,
perguntando se a matamos
ou foram outros que a mataram,
se foram nossos inimigos
ou nosso amor cometeu o crime,
porque já morreu a verdade
e agora podemos ser justos.
Antes deveríamos lutar
com armas de obscuro calibre
e por ferir-nos esquecemos
o porquê de estarmos lutando.
Nunca se soube de quem era
o sangue que nos envolvia,
nós acusávamos sem parar,
sem parar fomos acusados,
eles sofreram, e sofremos,
e quando já ganharam eles
e também nós quando ganhamos
a verdade tinha morrido
de antiguidade ou violência.
Agora não há o que fazer:
todos perdemos a batalha.
É por isso que eu penso, talvez,
por fim pudéssemos ser justos
ou por fim pudéssemos ser:
temos este último minuto
e logo mil anos de glória
para não ser e pra não voltar.
Pablo Neruda, in Memorial de Isla Negra.
Talvez ainda tenhamos tempo
para ser e para ser justos.
De uma maneira transitória
ontem a verdade morreu
e embora o saiba todo mundo
o mundo todo dissimula:
nenhum de nós lhe mandou flores:
já morreu e não chora ninguém.
Talvez entre o olvido e o apuro
pouco antes de ser enterrada
teremos a oportunidade
de nossa morte e nossa vida
para sair por rua e mais rua,
de mar em mar, de porto em porto,
de cordilheira em cordilheira,
e sobretudo, de homem em homem,
perguntando se a matamos
ou foram outros que a mataram,
se foram nossos inimigos
ou nosso amor cometeu o crime,
porque já morreu a verdade
e agora podemos ser justos.
Antes deveríamos lutar
com armas de obscuro calibre
e por ferir-nos esquecemos
o porquê de estarmos lutando.
Nunca se soube de quem era
o sangue que nos envolvia,
nós acusávamos sem parar,
sem parar fomos acusados,
eles sofreram, e sofremos,
e quando já ganharam eles
e também nós quando ganhamos
a verdade tinha morrido
de antiguidade ou violência.
Agora não há o que fazer:
todos perdemos a batalha.
É por isso que eu penso, talvez,
por fim pudéssemos ser justos
ou por fim pudéssemos ser:
temos este último minuto
e logo mil anos de glória
para não ser e pra não voltar.
Pablo Neruda, in Memorial de Isla Negra.
domingo, 13 de dezembro de 2009
Manuel Bandeira
PENSÃO FAMILIAR
Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.
E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.
Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurant-Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
— É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.
Manuel Bandeira, in Estrela da Vida Inteira.
sábado, 28 de novembro de 2009
O exotisno da Natureza
Não parece um quadro surreal?

Esta árvore é de Socotra, no Yemen, "um pequeno arquipélogo formado por quatro ilhas no Oceano Índico, em frente à costa do Chifre da África, a 250 km ao Leste do Cabo Guardafui e a uns 350 km ao Sudeste da costa do Iémen.O grande isolamento geológico do arquipélago, juntamente com o intenso calor e a falta de água, tem dado origem a uma interessante flora endêmica que é muito vulnerável a mudanças."
Leia mais e veja as outras árvores exóticas de Socotra:http://aidobonsai.wordpress.com/tag/arvores-exoticas/

Esta árvore é de Socotra, no Yemen, "um pequeno arquipélogo formado por quatro ilhas no Oceano Índico, em frente à costa do Chifre da África, a 250 km ao Leste do Cabo Guardafui e a uns 350 km ao Sudeste da costa do Iémen.O grande isolamento geológico do arquipélago, juntamente com o intenso calor e a falta de água, tem dado origem a uma interessante flora endêmica que é muito vulnerável a mudanças."
Leia mais e veja as outras árvores exóticas de Socotra:http://aidobonsai.wordpress.com/tag/arvores-exoticas/
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
TEMPO

(Salvador Dali - A Persistência da Memória)
Por que será que todo ano acontece isso comigo? Eu vou vivendo normal, sem muita preocupação com o passar dos meses, mas um belo dia dou de cara com as lojas já vendendo enfeites pro Natal e levo um susto.
Mas isso tudo é tão relativo, o tempo afinal é uma invenção dos homens... ou da morte, como diz meu querido Quintana:
AH! OS RELÓGIOS
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...
Mario Quintana - A Cor do Invisível
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Van Gogh e Mario Quintana

A Vinha Encarnada
Vincent van Gogh
INSCRIÇÃO PARA UMA LAREIRA
A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas.
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida...
OS POEMAS
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mario Quintana, in Nariz de Vidro.
domingo, 23 de agosto de 2009
sexta-feira, 22 de maio de 2009
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Song Around the World "Stand By Me"
Este vídeo é lindo, vi agora há pouco e fiquei maravilhada. Ele faz parte de um projeto, o Playing For Change, que é um movimento para conectar o planeta via música. Diversos artistas de rua gravaram takes mundo afora de algumas canções. O slogan é "A paz através da música."
o site da campanha: www.playingforchange.com
o site da campanha: www.playingforchange.com
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